13 fevereiro 2023

Como combater a Pobreza Energética com Energia Solidária 

Dar energia a quem dela mais precisa.

Este é um excelente ponto de partida para uma reflexão profunda sobre solidariedade e apoio ao próximo. 

Numa altura em que todos nós nos debatemos com o aumento do custo de vida, por via dos valores da inflação e fruto também da guerra que teima em não terminar no Leste Europeu, temos a obrigação de parar para pensar e encontrar formas de apoio aos mais desfavorecidos, para que a sua qualidade de vida não piore a olhos vistos.

A pobreza energética em Portugal.

Foram recentemente divulgados os dados sobre a pobreza energética no país. Dados nada animadores, uma vez que temos mais de 650 mil portugueses nesta situação: em pobreza energética severa [1]. 

Mas a situação não fica por aqui. Há mais de um milhão de cidadãos nacionais que se encontra em pobreza energética moderada. Ou seja, fazem parte de agregados familiares que não têm capacidade para manter as suas casas suficientemente aquecidas ou cuja fatura energética consome mais do que 10% do seu rendimento de modo a conseguirem aquecer a casa adequadamente [1]. 

Como vão estas pessoas conseguir combater o frio que potencia problemas de saúde?  

Como vão estas pessoas conseguir aquecer as suas casas?  

Ou como é que vão continuar a viver? Ou a sobreviver? 

Soluções para a pobreza energética.

Existem estudos que mostram que para combater as causas da pobreza energética é essencial promover uma transição energética que não deixe para trás quem mais precisa. 

Segundo a estratégia nacional de longo prazo para o combate à pobreza energética [1], precisamos de medidas que sejam direcionadas à “reabilitação de edifícios, promoção da eficiência energética e da redução da dependência de combustíveis fosseis”. Uma das medidas apontadas neste estudo é a produção descentralizada, aquela que é feita perto do local onde a energia é consumida, como é o caso das comunidades de energia.

Comunidades Inclusivas.

Conto agora uma história que me enche de orgulho. 

A Santa Casa da Misericórdia de Cascais (instituição da qual orgulhosamente faço parte enquanto elemento suplente da Mesa Administrativa) aderiu a um programa inédito em Portugal, dando o primeiro passo e tornando-se exemplo para outras instituições.  

Este programa foi criado pela Greenvolt Comunidades e rapidamente teve a aceitação da Senhora Provedora da Misericórdia de Cascais, quando lhe foi apresentado.  

A ideia passaria por aliviar custos de consumo energético em alguns serviços da instituição e permitir partilhar energia, a custos bem mais reduzidos do que o habitual, com famílias identificadas pela Misericórdia. 

O projeto foi pensado, desenvolvido, trabalhado. E já está em marcha.

blog pobreza energética

Creche de Bicesse

A Creche de Bicesse.

Uma das instituições geridas pela Misericórdia de Cascais, a Creche de Bicesse, já produz energia para autoconsumo e começará brevemente a partilhar energia gratuita com famílias carenciadas que vivem ao seu redor. Pode dizer-se que é pouco, a previsão é que a energia chegue a 15 famílias. Eu considero um excelente começo. 

Distribuir energia a muito baixo custo é dar “luz” às vidas destas pessoas. 

Eu chamo-lhe energia solidária.  

Para mim, uma expressão muito mais feliz do que pobreza energética, seja ela moderada ou severa. Porque é nossa obrigação combatê-la! 

pobreza energética

Creche de Bicesse

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Creche de Bicesse

Comunidades de Energia.

Esta é a prova que as comunidades de energia são uma das soluções para combater a pobreza energética em Portugal. Ao permitir que instituições sociais, como a creche de Bicesse, produzam energia mais limpa, mais barata e a partilhem com quem mais precisa. É com orgulho que a Misericórdia de Cascais faz parte da primeira comunidade inclusiva em Portugal e se junta à Greenvolt Comunidades neste projeto pioneiro.

Cecilia Carmo, representante da mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Cascais

[1] Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2021-2050 

A mudança começa em si.
Conheça as vantagens de ser Produtor ou Consumidor de uma Comunidade de Energia